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HGUFL - Histórico

A história do Hospital de Guarnição de Florianópolis confunde-se com a trajetória histórica da cidade em que se abriga e da própria nação brasileira. A instituição que lhe deu origem, a Enfermaria Militar de Santa Catarina, nasceu poucos depois que o Brigadeiro Silva Paes aportou para estabelecer a presença do colonizador português na então Vila de Nossa Senhora do Desterro.Figura 1: Brigadeiro SIlva Paes Sua fundação ocorreu com a chegada do primeiro cirurgião a exercer seu ofício em Santa Catarina, o Cirurgião-de-Fragatas Paulo Lopes Falcão, chamado por Silva Paes e que desembarcou na Vila em 1740. Desde esta data,  sempre houve uma estrutura sanitária militar na Ilha de Santa Catarina.

Até a fundação do Hospital de Caridade dos Pobres da Vila (em 1789), a Enfermaria Militar era o único estabelecimento de saúde da província, atendendo não apenas os militares, mas também os residentes e os imigrantes açorianos que chegaram entre 1748 e 1756.

No primeiro século de sua existência a enfermaria funcionou em vários locais próximos à Praça da Matriz, sempre adjunta a outras instalações militares. Permaneceu sob o comando de Lopes Falcão até sua morte, em 1796, quando foi substituído pelo Cirurgião-Mor Inácio Joaquim de Paiva. Em 1805, passou ao comando do Cirurgião-Mor Antônio da Silva Gomes, que também chefiava o Hospital de Caridade. Os cuidados eram muito rudimentares, limitando-se a aplicação de emplastros, curativos básicos e sangrias.

De 1815 a 1828, por conta do envolvimento do Brasil na Campanha Militar da Cisplatina, o Hospital de Caridade foi transformado pela Corte em Hospital Militar, com o intuito de atender os feridos daquele conflito. Por mais de três décadas, o responsável pelo Hospital Militar (depois de 1828, novamente Enfermaria Militar) era o Cirurgião-mor José Antônio de Lima.


Em 1840, a Enfermaria Militar foi transferida para dentro do Forte de Santa Bárbara, onde ocupou instalações precárias (duas salas junto à entrada do forte) sob o comando de citado José Antônio de Lima e posteriormente dos Cirurgiões-Mores Amaro João Pinto Thomaz Silveira de Sousa e Agido Porfirio de Magalhães, e em 1859 o 1º Cirurgião Luiz Carlos de Augusto e Silva. Em 1861 a estrutura foi transferida para as instalações do Quartel do Campo de Manejo (igualmente em condições estruturais deficientes), passando posteriormente ao comando do 1º Cirurgião João Ribeiro de Almeida. A partir de 1864, com a invasão de tropas paraguaias ao Rio Grande do Sulo, eclodiu a Guerra da Tríplice Aliança no sul do continente. O fluxo de feridos dos campos de batalha foi desviado para a então cidade do Desterro, devido à sua posição geográfica e as condições de evacuação que proporcionava por se situar a meio caminho dos hospitais da Corte, no Rio de Janeiro.

Como as dotações da Enfermaria não davam conta da demanda, esta foi transferida para uma ala separada do Hospital de Caridade (A “Casa dos Lázaros”) e transformada em um rudimentar hospital provisório em 1865, sob a chefia do Major Combatente Affonso de Albuquerque e Mello, tendo como médico responsável o cirurgião Evaristo Nunes Pires, auxiliado pelo cirurgião Januario Manoel da Silva, aos quais se juntou posteriormente o cirurgião João Francisco da Costa Freire. Porém, devido a restrições financeiras posteriores, tal arranjo foi efêmero, sendo o “Hospital” desativado em 1866, restabelecendo-se a Enfermaria junto ao Quartel do Campo de Manejo, sob o comando do Cirurgião-Mor Evaristo Nunes Pires.

Nos três anos seguintes, a Campanha da Tríplice Aliança culminou na expulsão do ditador paraguaio Solano López do território Nacional e sua perseguição dentro do território paraguaio. O número de feridos evacuados aumentou enormemente, e com eles os surtos de doenças contagiosas. A Enfermaria, mais uma vez, tornou-se incapaz de resolver esta demanda, levando o Governo Imperial a transformá-la no “Hospital Militar Provisório de Santa Catharina”, a partir de 05 de abril de 1869 – data reconhecida em definitivo como aniversário de nosso hospital.

O hospital passou ao comando do Coronel Combatente reformado Antônio Magalhães de Castro, com o auxílio dos médicos militares Justino José Alves Jacutinga, Luiz Carlos Augusto e Silva, Joaquim da Silva Gusmão, Domingos Soares Pinto, Raymundo Caetano da Cunha, Aristides Americo Guimarães e Pedro de Argolo Ferrão, além dos médicos civis Doutores José Cândido de Lacerda Coutinho e Manoel Antônio Marques de Farias, além de enfermeiros e ajudantes, em um total de 96 homens, que exerciam suas funções junto à antiga Enfermaria do Quartel do Campo do Manejo, dentro do navio-hospital Anicota e no prédio da Companhia dos Inválidos, no morro da Boa Vista.

O Hospital Militar Provisório trabalhou incansavelmente na recuperação dos feridos, mesmo após o final da Guerra da Tríplice Aliança, quando se percebeu a necessidade de construir uma instalação definitiva para o atendimento permanente ao contingente militar da Província. Com esta visão, entre 1872 e 1876 foi construído um novo prédio para abrigra o hospital, no alto do Morro da Boa Vista, próximo ao Hospital de Caridade. Esta edificação, com pequenas alterações, constitui até a atualidade o pavilhão principal do atual Hospital de Guarnição.

Entre 1871 e 1890 a nomenclatura passou a ser “Enfermaria Militar da Boa Vista”, estando a comando em 1871 do Tenente Manoel Joaquim de Almeida Coelho Sobrinho, e a partir de 1873 (já nas primeiras alas concluídas no prédio) do Cirurgião-Mor de Brigada Feliciano Antonio Rocha, ajudado pelo 2º Cirurgião Joaquim dos Remédios Monteiro.

Após a proclamação da República, em 1889, o Exército Imperial foi reorganizado, inclusive sua estrutura sanitária, resultando na criação do Hospital Militar de 3ª Classe do Desterro, sob o comando do Major Médico Francisco Felix de Barros e Almeida, em 1890, em sua localização atual. Em 1892 o comando passou ao Major Médico Alfredo Paulo de Freitas.

Contudo, os primeiros anos da República foram turbulentos, com a renúncia do Presidente Deodoro da Fonseca e a assunção do cargo pelo vice, Marechal Floriano Peixoto. Tropas rebeldes da Armada sublevaram-se contra Floriano, e ajudadas pelos rebeldes Federalistas do Rio Grande do Sul, tomaram a cidade do Desterro em 1893. Vários militares da guarnição, inclusive o diretor do Hospital, Major Freitas, renderam-se às tropas revoltosas que ocuparam a cidade.

A reação de Floriano Peixoto foi enérgica, e no ano de 1894 os movimentos foram esmagados progressivamente: as tropas terrestres foram detidas em seu avanço na cidade da Lapa, e as tropas e navios ancorados na cidade do Desterro foram derrotadas por uma esquadra governista. Com a derrota do movimento, o presidente nomeou como seu interventor para a Província de Santa Catarina o Coronel Moreira César – que aportou na cidade do Desterro com a ordem de punir os revoltosos e aqueles que de alguma forma fossem considerados responsáveis.

Em abril de 1894 inúmeros militares e civis foram presos e conduzidos para a Fortaleza de Santa Cruz da Ilha do Anhatomirim, onde muitos foram sumariamente fuzilados. Entre eles, estava o diretor do Hospital, o Major Alfredo Paulo de Freitas – cuja participação nos eventos nunca foi completamente esclarecida, e que possivelmente acabou fuzilado principalmente por ser irmão do deputado oposicionista Augusto de Freitas.

Com a pacificação das revoltas, a cidade sofreu a transformação de sua denominação, de “Desterro” para “Florianópolis” e o hospital passou ao comando do Major Rodolpho Benevenuto Garnier. O diretor subsequentemente foi o Major Médico Agrippino Cícero de Pontes, que assim como seu futuro sucessor Esveraldino Miranda, participou como médico militar da Campanha de Canudos.

Entre 1904 e 1915 foram diretores do hospital os majores médicos Ernesto Álvaro Pereira de Miranda, Martiniano Arvellos Espíndola e Esveraldino Cícero de Miranda, sempre contando os quadros do hospital com a presença de Antônio Vicente Bulcão Viana, médico baiano muito estimado por seus pacientes e por seu trabalho social junto a outras entidades da cidade, como o Hospital de Caridade. Em 1914, o hospital participou como estrutura secundária de apoio da Campanha do Contestado, recebendo feridos daquele conflito.
 
Como Tenente-Coronel, Bulcão Viana assumiu a direção do hospital entre 1915 e 1922, tendo enfrentado a epidemia de Gripe Espanhola em 1918. Bulcão Viana promoveu várias reformas estruturais, melhorando a estrutura de atendimento do Hospital, que deixou em 1922 com sua eleição para a Assembléia Legislativa e sua promoção a General de Brigada Médico. A carreira política do General Bulcão Viana culminou com a assunção da cadeira de Governador do Estado em 1926, tendo o privilégio de inaugurar a ponte Hercílio Luz.

Durante a década de 1920, a localização do Hospital o posicionava em frente a enseada da Prainha, área pantanosa e sujeita ao depósito de resíduos e dejetos que a tornavam insalubre e malcheirosa. Por ocasião de visita do Diretor de Saúde Antônio Augusto Ferreira, a situação foi considerada crítica, e o problema levado à administração pública estadual e federal. Como consequência, o processo de aterramento da baía Sul (que havia sido iniciado ainda no século passado) foi acelerado e o atual formato das vias que margeiam o hospital foi projetado. O hospital, que originalmente estava construído defronte ao mar, foi incorporado ao novo desenho urbanístico de Florianópolis.

Sob o comando sucessivo dos majores médicos Francisco Silva Reis, Raymundo Teophilo de Moura Ferreira, Leopoldo Félix de Sousa, Júlio Maria Castro Pinto, Deodoro Álvares Soares, Virgílio Ovídio Pereira da Costa, Arsenio de Arvellos Espíndola e do Capitão Médico Augusto Ferreira de Paula, o hospital prosseguiu em sua trajetória de apoio à saúde militar de Santa Catarina. Em 1938 assumiu o comando do Hospital (desde 1937 chamado “Hospital Militar de Florianópolis” o então Capitão Achilles Paulo Galotti, que mais tarde viria a se tornar General de Brigada Médico e Diretor de Saúde do Exército. 

Sucedeu-lhe, em 1940, o Capitão Médico Antônio Muniz de Aragão, que viria a se tornar fundador e presidente do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, da Associação Catarinense de Medicina e da UNIMED SC, além de presidente da Associação Médica Brasileira e Associação Médica Mundial, sendo também um dos fundadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Catarina e Secretário de Saúde do Estado de Santa Catarina.

Em 1953 o Hospital Militar passou a ser chamado por sua designação defiinitiva, “Hospital de Guarnição de Florianópolis”. Sucederam-se no comando do Hospital os majores médicos Gilberto David, Francisco de Paula Leivas, Sérgio Fontes Junior, e Osvaldo Luiz do Rosário, os tenente-coronéis médicos Ruy Portinho de Moraes e Túlio Pradal (ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira), e os majores médicos Jefferson Santiago e Aureliano Pinto de Moura.

 

Em 1967 assumiu a direção o então major médico (depois tenente-coronel) Eider Rodrigues Pinto, sob cujo comando comemorou o hospital seu primeiro centenário, ocasião em que se realizaram comemorações e publicação de um boletim alusivo especial – no qual se referencia o efetivo de seis oficiais de saúde e mais vinte sete militares, vinte e quatro funcionários civis e duas irmãs de caridade – entre as quais a abnegada e caridosa “Irmã Thomázia”, cujo nome batiza o Centro Cirúrgico do Hospital de Guarnição de Florianópolis.

Sucederam-se no comando o major médico Orlando de Carvalho e o tenente-coronel médico Hélio Bastos da Silva. Em 1972, com a criação do Grupamento do Leste Catarinense (futura 14ª Bda Inf Mtz), a relevância da guarnição de Florianópolis passou a exigir uma maior complexidade do Hospital. Esse desafio motivou a construção de uma nova edificação, destinada a abrigar instalações de natureza ambulatorial, com vários consultórios médicos.

O novo prédio, cuja obra iniciou em dezembro de 1974, foi construído em frente ao conjunto das edificações principais, sobre o terreno em declive onde outrora o morro da Boa Vista encontrava o mar. Passou a funcionar como Policlínica em fevereiro de 1976, com vários consultórios médicos, garagem para ambulâncias e a localização definitiva do Laboratório de Análises Clínicas.

A direção passou, em 1981, ao coronel médico Jorge Luiz de Queiroz Prestes, depois sucessivamente ao coronel médico Hugo Batista Pellegrini, tenente-coronel médico Hugo Antônio Koch, coronel médico Jayr Matano, tenente-coronel médico Carlos Alberto Gonçalves, coronel  médico Ivan da Cruz Mendes, e tenente-coronel Francisco José Trindade Távora

Em 1999, sob a direção do tenente-coronel médico Luiz Francisco Caixeiro Neto, comemoraram-se os 130 anos do Hospital de Guarnição de Florianópolis, com o lançamento de um carimbo comemorativo dos Correios, da promoção de uma Semana de Palestras em Saúde e do Concurso de Pintura do Hospital de Guarnição de Florianópolis, vencido pelo artista Gorgatti.



Já no século XXI, dirigiram o Hospital de Guarnição de Florianóplis, sucessivamente, os tenentes-coronéis médicos Alcenir Salles dos Santos, Sirlon da Souza Junior, Temístocles Moura Café, Sérgio dos Santos Szelbracikowski e Luiz Antonio Lopes; e os coronéis médicos João Luiz Ricetti Margarida, Dario Luís Malmann, Alexandre Arthur de Sousa Costa e Sérgio Luis Hammes.

 

 

 

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